quinta-feira, 19 de abril de 2012

Vida na Grande Área

Já era madrugada de sábado quando se conheceram. Foi em um inferninho, desses em que a noite nunca acaba. O primeiro contato foi no balcão. Ele pedia uma dose de gim, ela, um vermouth com vodka. Foi a primeira de muitas afinidades. A conversa rolou naturalmente. Descobriram que tinham amigos em comum, que gostavam das mesmas coisas e até um parentesco longínquo.

Se beijaram quase que imediatamente. A química era perfeita. Pareciam nascidos um para o outro. Entre copos de conhaque e músicas do Ramones, a noite passou voando. Foi ela que tomou a iniciativa e fez o convite. Foram de táxi para o motel.

O sexo foi excelente. Sem frescuras ou não me toques. Se amaram profunda e verdadeiramente. Deram uma segunda. E até uma honrosa tentativa de uma terceira. Dormiram abraçados e completamente apaixonados.

Acordaram às duas horas da tarde. Se estranharam. Talvez pelo gosto amargo na boca, a cabeça latejando, o estômago embrulhado. Mas a ressaca moral era a que mais doía. Ele descobriu que ela era meio gorda. Ela achou que ele fosse mais bonito. O silêncio foi constrangedor. Se vestiram com pressa, sem intimidade. Se ainda restava alguma esperança, acabou quando ele propôs dividir a conta do motel.

Foram embora em táxis separados. Ambos planejando o que fariam à noite. Antes, contariam aos amigos sobre o acontecido. Ressaltariam as partes boas, omitiriam os detalhes constrangedores. E partiriam para outra. No final, sobraria uma certeza. Um sentimento. De que mesmo por pouco tempo, foi sincero. E de que, absurdamente, aquilo tudo valia a pena.

1 Comments:

Anonymous eu, né! said...

07 de junho de 1879, aquele dia antiguinho em que acordaram juntos.

Também foi noite que encontrei ambos, obviamente em momentos e lugares diferentes.

Ambos, foram de uma Contagem sobre o encontro (,)depressiva, do ponto de vista de um Belo Horizonte.

Meu dia naquele dia não podia ter terminado daquele jeito com ambos juntos? Merda! Naquele dia, menos era mais.

Ai que dor moída que não valeu a pena ser sentida. Dor que se prolongou até acordar um velho novo dia, cheio de ambos, caótico de ambos, amor que maus-tratos.

Mas, desde aquele dia que nunca mais vi ambos. Se visse atravessaria-lhes meu coração também, meu coração também!

O que é sem jeito de contar desviou-me na escrita. Daqui pensei: e eu°, de quem eu falo, quando eu falo de mim? Di amos. Doamos.

12:30 AM  

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